“Nunca lhe aconteceu receber hóspedes para comer e você não ter tempo para fazer compras? Aí tem de se virar com o que há na geladeira, Clarice. Posso chamá-la de Clarice?

Trecho do livro O Silêncio dos Inocentes, dito pelo Dr. Hannibal Lecter, quando questionado se havia servido num jantar para dirigentes de uma orquestra partes do corpo de um de seus flautistas.”

Psicopatas, esquizofrênicos, misantropos ou simplesmente malucos… Pode parecer mórbido, mas sempre tive um interesse idiopático por personagens deste tipo no cinema e, principalmente, na literatura.

hannibal

Seja pela freqüente inteligência avantajada que estes personagens têm, provavelmente elaborados assim para chocar o espectador/leitor com o contraste com seus atos brutais ou pela sua total insensibilidade para com o resto do mundo, ou ainda, a sua falta total de senso de conseqüência, estes personagens são encantadores.

Não sei você, mas me pego torcendo por eles durante a história, mesmo que eles sejam criminosos inescrupulosos e que, para que a história cumpra com sua lição, estejam fadados à derrota.

Geralmente, são personagens mais elaborados, profundos. Mostram de forma acentuada a face cruel que todo ser humano tem. E talvez por isso sejam tão impressionantes, passam tanto medo. Às vezes têm objetivos e ou motivos definidos.

Às vezes simplesmente não, o que acentua seu aspecto mordaz. Um dos fatores que tornaram o filme O Silêncio dos Inocentes um filme tão apavorante foi justamente a falta de detalhes sobre o porquê de o Dr. Lecter ser tão sedutoramente cruel. Haja vista que as sequências literárias e cinematográficas em que são dados mais detalhes sobre os motivos do Dr. Lecter não tiveram o mesmo brilho.

No livro Hitler & Churchill, Segredos da Liderança o autor comenta sobre os motivos pelos quais ele odiava os judeus. E dentre dezenas de teorias não comprovadas, a que mais se aproxima da realidade é que ele não tinha nenhum motivo. Eles haviam apenas sido escolhidos como os vilões da vez. E essa escolha denuncia a crueldade pura vinda da mente transtornada de um psicopata. O mal pelo mal.

Na vida real os psicopatas não são tão legais assim. Tenho dificuldade em entender estes transtornos de bom senso que fazem uma pessoa ser totalmente desapegada das leis e regras da sociedade, sem o menor peso em suas consciências. Imagino que seja uma sensação de liberdade maravilhosa que, de certa forma, eu invejo.

No entanto, quando isto é poetizado pelas mãos de um escritor fenomenal, nasce um personagem fabuloso e memorável. Fiz uma lista dos meus top 10 malucos favoritos, por ordem de preferência:

  • Dr. Hannibal Lecter, interpretado por Anthony Hopkins no filme O Silêncio dos Inocentes. O livro é bom, mas o personagem parece meio grosseiro. A interpretação pelo ator é fenomenal.
  • O Coringa, interpretado por Heath Ledger no do filme Batman, O Cavaleiro das Trevas. Atuação tão maravilhosa a ponto de deixar o ator mortalmente perturbado.
  • Max Cady, interpretado por Robert De Niro no filme Cabo do Medo. Este filme é uma refilmagem de outro filme de 1962, mas não do tipo pobre como as atuais. É uma visão totalmente diferente e absolutamente superior.
  • Jean Baptiste Grenouille do livro O Perfume. Tem filme também, mas neste caso o filme é um lixo. Um macaco teria interpretado melhor.
  • Norman Bates, interpretado por Anthony Perkins no clássico filme Psicose do diretor Alfred Hitchcock.
  • norman bates

  • Ursus do livro O Homem que Ri, de Victor Hugo. Não é um criminoso, é um herói. Mas nem por isso menos louco do que os demais.
  • Professor Humbert Humbert do livro Lolita, de Vladmir Nabokov. A figura de um pedófilo é asquerosa por si só. Porém, o autor faz você entrar em conflito com este sentimento ao destrinchar a psique do personagem durante a história.
  • Anton Chigurh, interpretado por Joaquim Barden no filme Onde os Fracos Não Têm Vez. Outra adaptação para o cinema cuja atuação superou o livro. Mas apenas neste personagem. O restante da adaptação é uma bosta.
  • Capitão Ahab, do livro Moby Dick. O livro é chato pra burro, a menos que você seja um biólogo voltado à cetologia. Mas a obsessão doentia do capitão pela baleia é memorável.
  • Darth Vader do filme Guerra nas estrelas. Dispensa comentários. É o último da lista por ser o mais teatral, mais irreal dos psicopatas.

meus malvados favoritos - anton chigurh

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