O cemitério de Praga
Umberto Eco
Definitivamente, o monstro da expectativa é muito, muito terrível.
Assim como atores/atrizes continuam sendo identificados, durante toda a vida, por algum papel marcante – Daniel Radcliffe sempre será Harry Potter – escritores também sofrem algo semelhante: terem seu livro mais famoso sempre tomado como base de comparação com o restante da obra.
Acredito que não seja apenas comigo que isso tenha acontecido em relação a Umberto Eco. O nome da rosa é um livro excepcional, principalmente para quem tem amor aos livros (como eu). E a comparação é inevitável. Todo livro de Umberto Eco que leio fico esperando algo similar a essa obra inesquecível. Fico na expectativa de que o texto desperte em mim a mesma admiração, o mesmo enlevo que senti ao ler O nome da rosa.
Sobre O cemitério de Praga, ao perguntarem minha opinião, a resposta é sempre Brastemp style:
É bom, eu gostei, mas… não é O nome da rosa.
Contudo devo admitir, que de todos os demais livros de Eco que li, este foi o que mais se aproximou. Conseguiu retomar com bastante êxito o estilo chamado de suspense erudito, inaugurado por Eco justamente com O nome da rosa.
Ao ler a sinopse, fiquei bastante animada. Uma trama envolvendo espionagem, falsificações, preconceitos, seitas, conspirações, assassinatos, em que o único personagem fictício é o protagonista, um italiano que vive em Paris. Todos os demais existiram realmente. Imediatamente, pensei em algo como um Forrest Gump do século XIX.
As idas e vindas no tempo chegam a confundir um pouco no início, mas logo nos acostumamos a seguir a linha narrativa. Terminada a leitura, agora que já conheço a trama – bastante rocambolesca, por sinal – fiquei com a sensação de que possivelmente desfrutaria mais do livro numa releitura.
Tenho certeza que teria gostado ainda mais do livro se eu conhecesse mais dos personagens e eventos históricos retratados. Certamente teria sido muito mais interessante. A erudição da trama aproxima-se bastante de O nome da rosa. Porém o excesso dela, em vários momentos, chega a deixar o texto pouco fluido, dificultando continuar a leitura. Tive a impressão, em alguns trechos, de que o autor estava apenas se exibindo, mostrando o quanto conhecia do assunto abordado, vaidoso de toda sua cultura (nesse quesito, O pêndulo de Foucault é bem pior, parece quase uma tese de doutorado).
Para quem leu (e adorou) O nome da rosa e se decepcionou com os demais (assim como eu) é uma boa pedida para revisitar a obra de Umberto Eco.
[cotacao coffee=macchiato]
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O único romance dele que ainda não li! =/
Também acho ONdR melhor, mas gostei bastante de Baudolino e A Misteriosa Chama da Rainha Loana.